29/10/2018

Vacinação é tema do 5º Encontro de Saúde e Cidadania Evento do Curso de Graduação em Enfermagem da FCM/Santa Casa discutiu os cenários e desafios da imunização no país

Especialistas debateram assuntos atuais relacionados à vacinação no Brasil. Clique na imagem para ver outras fotos

No dia 17 de outubro, o Brasil comemora o Dia Nacional da Vacinação. A data foi estrategicamente escolhida pelo Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo para a realização do 5º Encontro de Saúde e Cidadania, com o tema “(Re) emergência das Doenças Imunopreveníveis: Reflexões Sobre a Responsabilidade do Enfermeiro”.  Professores e estudantes aproveitaram o evento para debater os acontecimentos deste ano – os surtos de febre amarela e sarampo, além da “epidemia” de notícias falsas, ou fake news, que diminuiu a adesão às campanhas de vacinação.

A Profa. Dra. Maria Josefa Penon Rujula, do Departamento de Saúde Coletiva da FCM/Santa Casa, apresentou o “Panorama Epidemiológico Atual da Morbimortalidade das Doenças Imunopreveníveis”. Em sua palestra, a docente abordou a incidência de meningite, febre amarela, coqueluche e sarampo, entre outras doenças.  Segundo Maria Josefa, a vacinação da febre amarela precisa ser intensificada.  “Há baixos índices de cobertura vacinal em diversas cidades. Inicialmente, a população fez filas enormes nos postos de saúde para receber a vacina, mas, passado um tempo, parou de se preocupar e muitos não se vacinaram”.

Estratégias na atenção básica

Em seguida, a enfermeira Cláudia Cerqueira Mariatti falou sobre as “Estratégias de Enfermagem para a Cobertura Vacinal” no território atendido pelo Centro de Saúde Escola Barra Funda Dr. Alexandre Vranjac (CSEBF). Ela expôs os procedimentos adotados pela equipe especializada, desde o acolhimento até o registro da vacinação no sistema de informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo.

No CSEBF, a vacinação também é promovida por meio da realização de bloqueios com um imunobiológico específico em creches, escolas, empresas e outros estabelecimentos da área de abrangência. “Se há, por exemplo, um caso de sarampo em um prédio, imunizamos o prédio todo e também o quarteirão onde se localiza”, esclarece a enfermeira.  Além disso, são feitas parcerias com empresas da região para atualização das vacinas de seus colaboradores e para auxílio na comunicação de campanhas de vacinação.

Cláudia detalhou, ainda, as ações realizadas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) nas visitas domiciliares com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal. “Há uma busca ativa na área, com checagem das carteiras de vacinação de todos os moradores da residência; levantamento, no Sistema de Informação da Atenção Básica, da situação vacinal das crianças com menos de um ano; e, em casos nos quais há impossibilidade de locomoção, realizam a vacinação no domicílio”.

Programa Nacional de Imunizações

“A Responsabilidade da Gestão na Cobertura Vacinal” foi o tema da palestra da enfermeira Maria de Fátima Soares, interlocutora de imunização da Divisão de Vigilância em Saúde da Coordenadoria Regional de Saúde Leste da SMSSP. Ela apresentou o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que tem a missão de controlar, eliminar e erradicar doenças imunopreveníveis da população brasileira, definindo as campanhas nacionais e outras estratégias, entre elas o controle de surtos de doenças como raiva, sarampo e febre amarela.

O PNI alcança média de 80% de cobertura vacinal, com 19 vacinas que protegem contra 20 doenças.  No entanto, a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) é uma das vacinas com menor alcance, causando preocupação. “Para este ano, é esperado 70% de homogeneidade vacinal em relação à tríplice viral. Há muitas pessoas suscetíveis”, analisa a enfermeira.

Fake news e antivacinismo

As palestrantes debateram com a plateia as causas da não vacinação ou descontinuidade do esquema do calendário vacinal pela população. Foram citados diversos motivos, como barreiras geográficas, rotatividade de funcionários nas Unidades Básicas de Saúde e o fenômeno do antivacinismo, que leva as pessoas a recusarem a vacinação.

Os grupos contrários às vacinas propagam notícias falsas que influenciam negativamente as pessoas. “São publicações e vídeos contraditórios, sem fontes de dados e que expressam opiniões individuais”, afirma a Profa. Dra. Cell Regina da Silva Noca, uma das organizadoras do encontro.

A enfermeira Maria de Fátima lembrou que a escolha de cada um afeta toda a coletividade. “Quanto mais pessoas são imunizadas, menos a doença se espalha”, explicou. “Há pessoas que afirmam que nunca se vacinaram e, mesmo assim, nunca ficaram doentes, desvalorizando o papel da imunização. Mas, ao fazermos uma análise, estas pessoas se encontram em regiões nas quais houve vacinação da maioria ao seu redor, impedindo a propagação da doença até os indivíduos que rejeitaram a vacina”.

A comissão organizadora do evento foi formada por: Profa. Dra. Cell Regina da Silva Noca, Profa. Dra. Livia Keismanas de Ávila e Profa. Dra. Maria Fernanda Terra.

Para saber mais:

Situação do Sarampo no Brasil – informe de 22 de outubro de 2018

Brasil pode perder certificado de eliminação do sarampo, alerta Opas

Fake News sobre vacinação infantil gera menor índice de adesão em 16 anos