06/07/2018

Capacitação de médicos para realização de cirurgias de hérnia – 9 a 11/08 em São Paulo, SP, e em Suzano, SP.

De 9 a 11 de agosto de 2018 ocorre o Curso de Capacitação Técnica de Lichteinstein sobre Cirurgia de Hérnia na Parede Abdominal. A organização é do Grupo de Parede Abdominal da Santa Casa de São Paulo, ONG Hérnia Help e Universidade da Califórnia (UCLA). Os médicos Rodrigo Altenfelder e Sergio Roll, professores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, participam.

Haverá atividades no Hospital da Santa Casa de São Paulo, dia 9 de agosto, na parte da manhã, com a participação do Dr. David Chen, da UCLA.

A partir das 19 h do dia 9, as atividades são no município de Suzano, em São Paulo, SP, com parceria da Secretaria Municipal de Saúde.

Dia 9, às 19 h, ocorre a abertura, com os doutores Rodrigo Altenfelder e Maurice Francis, além de aula introdutória com os doutores David Chen e Sergio Roll. Dias 10 e 11 ocorrem cirurgias de hérnia inguinal. Serão operadas 30 hérnias inguinais pela Técnica Lichteinstein.

Sobre hérnias da parede abdominal

As hérnias da parede abdominal são afecções muito frequentes, sendo realizadas no mundo cerca de 20 milhões de cirurgias de hérnia ao ano. Os custos sociais referentes à licença de dias não trabalhados decorrentes da doença e da recuperação pós-operatória, bem como os gastos hospitalares do tratamento cirúrgico, consomem de maneira significativa os recursos do orçamento destinados à Saúde e à Previdência Social.

Cerca de 70% a 80% das hérnias da parede abdominal estão situadas na região inguinal. É uma das operações mais realizadas pelo cirurgião geral. As hérnias inguinais aparecem mais no sexo masculino na proporção de quatro homens para cada mulher. Com a idade, a incidência de hérnia e suas complicações aumentam.

O número de pacientes que necessitam de cirurgia de hérnia está em ascensão devido ao progressivo envelhecimento da população, pandemia de obesidade, abuso de tabaco e de outras substâncias como esteroides e imunossupressores.

Apesar da cirurgia para correção da hérnia inguinal ser um procedimento comumente realizado, há falta de consenso sobre as melhores técnicas e seleção apropriada de materiais de reforço (protético). O sucesso destes procedimentos é desafiador, muitas vezes frustrando os pacientes pelas complicações pós-operatórias e uma alta incidência de recidiva.

Nos últimos anos, houve importante evolução no tratamento da hérnia inguinal. Procurou-se dar mais conforto ao doente, obter menores índices de recidiva e de dor crônica pós-operatória, abreviar o tempo de hospitalização, diminuir os custos e devolver o paciente o mais rapidamente possível às suas atividades laborativas e sociais.

Técnica de Liechtenstein

A hernioplastia inguinal pela técnica de Liechtenstein, também conhecida como “reparo sem tensão”, descrita em 1983, ainda é o procedimento mais realizado no mundo. A possibilidade do emprego da anestesia local e a sua execução em qualquer centro cirúrgico em regime de hospital-dia, o baixo de índice de recidiva e, pelo fato de não necessitar equipamentos ou instrumentais sofisticados, o tornam procedimento de eleição para o tratamento cirúrgico da hérnia inguinal.

No entanto, não existe no nosso meio uma divulgação adequada da padronização da técnica e um treinamento dos cirurgiões sob orientação, para que os melhores resultados possam ser obtidos.

Treinamento padronizado

Nesse sentido, dois fatores contribuíram para o aparecimento desse treinamento padronizado. O primeiro foi a transferência do Instituto Liechtenstein para a Universidade da Califórnia (UCLA) em 2000 e o segundo foi a criação de uma ONG por cirurgiões americanos e europeus em 2003 denominada Hernia Repair for Underserved, cujo objetivo foi difundir o treinamento sistematizado e padronizado da técnica segundo preconizado pelo Instituto, para cirurgiões de países subdesenvolvidos, onde a difusão do conhecimento é mais demorada.

Em 2013, já com alguns cirurgiões brasileiros fazendo parte da ONG, propusemos a realização de um treinamento na forma de mutirão nos Hospitais da Santa Casa de São Paulo. Este ocorreu em 2014 e em três dias foram treinados 15 cirurgiões e operados 75 pacientes.

Com o aperfeiçoamento do sistema de avaliação dos cirurgiões em treinamento pela UCLA, criou-se um Banco de Dados para processar e analizar os resultados dos alunos no mundo todo, permitindo a realização de trabalhos na área da Educação que tem contribuído no desenvolvimento e aperfeiçoamento deste treinamento cirúrgico padronizado.

Em 2015, com a participação da ONG, da UCLA e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, realizamos um novo treinamento em mutirão nas cidades de Ribeirão Preto, Franca, Americana e São Carlos, onde em 3 dias foram treinados 24 cirurgiões e operados 140 doentes. Neste treinamento foi utilizado novos recursos do Sistema de Avaliação e Monitorização, inclusive do formulário de avaliação do aluno em português, para sofrer o processo de validação.

Nos últimos anos, tem-se estudado o impacto de novas tecnologias sobre a Educação, com novas formas de aprendizado e disseminação do conhecimento. A informação gerada em qualquer lugar pode estar disponível rapidamente. Essa globalização do conhecimento e a simultaneidade da informação são ganhos fundamentais para a humanidade, principalmente quando unida à educação.

Núcleo Integrado de Monitoramento e Educação Médica Continuada

Assim, o Grupo de Parede Abdominal do Departamento de Cirurgia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e de sua Faculdade, associado ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São de Paulo criaram um Núcleo Integrado de Monitoramento e Educação Médica Continuada em Hernioplastia da Parede Abdominal realizando o treinamento padronizado e sob supervisão da técnica “Lichtenstein”.

O Núcleo é um conceito. Envolve uma Plataforma Virtual integrada a um Banco de Dados que pode ser utilizado pelos cirurgiões que atuam no SUS, quer em Hospitais Gerais, Hospitais Dia ou Unidades de Cirurgia Ambulatorial.

O preenchimento obrigatório de dados pré, intra e pós operatórios pelo cirurgião que aderir à plataforma, permitirá o monitoramento dos mesmos, de maneira sistematizada, para obtenção de informações objetivas do cenário Brasil. O mapeamento pormenorizado dos desfechos relacionados a essa afecção, permitirá a identificação de erros de conduta, gastos desnecessários e, o mais relevante, dos insucessos do tratamento das hérnias.

Destina-se também a promoção do conhecimento e treinamento através da disponibilidade pela plataforma de vídeos e aulas em ambiente virtual. Com isso, vários conceitos em relação ao tratamento cirúrgico tais como “segurança do paciente e cirurgia segura”, “técnicas cirúrgicas abertas e videolaparoscópicas e “padronização de técnicas e materiais” poderão ser apresentados e discutidos. Além disso, a plataforma oferece a possibilidade da discussão de casos, não apenas com dados clínicos, mas também com inserção de imagens estáticas e dinâmicas como fotos e vídeos de cirurgia, além de imagens radiológicas.

Não obstante, esse Núcleo também disponibiliza cursos presenciais que vão desde a anatomia até ao treinamento cirúrgico sob supervisão, visando formar líderes loco-regionais.

Acreditamos que o treinamento cirúrgico com supervisão, seguido da monitorização dos resultados, permite a correta percepção do impacto do treinamento e da educação continuada nos profissionais da saúde, com benefícios incalculáveis à população. Por isso, o treinamento padronizado da técnica Lichtenstein tem dado excelentes resultados e pode ser realizado na maioria dos centros cirúrgicos do Brasil.

Além disso, em decorrência dessas ações coordenadas, os dados obtidos oferecerão a produção do conhecimento na forma de publicações científicas, elevando nosso País à condição de entidade de ensino em nível internacional

Objetivos do Projeto

Assim, esse projeto tem por objetivo atingir as seguintes metas:

  • Melhorar a qualidade da assistência através do ensino padronizado da hernioplastia inguinal pela técnica de Lichtenstein, segundo a técnica do Instituto;
  • Auxiliar os cirurgiões no desenvolvimento de uma melhor tomada de decisão clínica, capacidade e habilidades cirúrgicas;
  • Melhorar a segurança e programar o trabalho em equipe na sala de cirurgia;
  • Diminuir as taxas de complicação no intra e pós-operatório; e
  • Melhorar a qualidade de vida dos pacientes.