17/09/2018

Encontro debate inclusão e visibilidade da comunidade surda Evento organizado pela Liga de Libras e Cultura Surda integra o Setembro Azul, mês que destaca conquistas e lutas da pessoa surda

Organizadores e palestrantes do evento. Clique na imagem para ver todas as fotos

Este mês é especial para a comunidade surda. Denominado Setembro Azul, é marcado por datas comemorativas e eventos para ressaltar a importância da acessibilidade e inclusão em todas as áreas da sociedade. Para dar mais visibilidade à campanha na comunidade acadêmica, os estudantes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo realizaram um encontro no dia 13 de setembro, com a presença de ativistas e profissionais envolvidos em ações inclusivas. Pessoas surdas participaram do evento, que contou com intérpretes de Libras.

Chamado Dia do Surdo, o encontro foi organizado pela Liga de Libras e Cultura Surda, associação multidisciplinar formada por graduandos de todos os cursos da FCM/Santa Casa: Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina, Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Sistemas Biomédicos.  Este é o terceiro evento anual realizado pela liga em setembro com a finalidade de debater a situação dos surdos no Brasil.

O encontro foi aberto com uma apresentação do projeto Slam do Corpo, que realiza intervenções artísticas em duplas – um surdo e um ouvinte, utilizando, simultaneamente, o português e a Libras.  As artistas Mariana Ayelen e  Bruna Brancati usaram as duas línguas aliadas à expressão corporal para abordar as pressões da sociedade em contraste com a necessidade de ser feliz.

Experiências e perspectivas

Em seguida, o psiquiatra Leonardo Augusto Sampaio contou sua experiência como coordenador do Programa de Psiquiatria Social e Cultural (Prosol) do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). O Prosol/IPq-HCFMUSP atende populações em situação de vulnerabilidade linguística e cultural, entre elas as pessoas surdas.

“Devemos incentivar a comunidade surda a buscar os seus direitos também na área da saúde e a falar como gostaria que fosse o seu atendimento”, afirmou Sampaio, que anunciou a realização de um fórum, previsto para novembro, para que a comunidade surda possa opinar sobre o assunto.

Participou também do evento o ativista surdo Paullo Vieira, membro do conselho de gestão da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo.  Ele abordou os direitos das pessoas surdas de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão nas áreas da saúde e cultura e em situações do cotidiano.

Santa trilha

O encontro foi encerrado pela Profa. Dra. Guadalupe Marcondes, docente do Curso de Fonoaudiologia da FCM/Santa Casa.  Ela apresentou o projeto Santa Trilha, que promove a saúde e contato com a natureza através de caminhadas. A professora enfatizou que todos podem participar: alunos, professores e comunidade surda, lembrando que são realizadas trilhas com diferentes níveis de dificuldade.

Liga de Libras e Cultura Surda

“Nosso objetivo é promover a cultura surda entre os graduandos de todos os cursos e eliminar preconceitos”, afirma Bárbara Regina dos Santos, aluna do 6º semestre de Enfermagem e presidente da Liga de Libras e Cultura Surda.  Criada em 2016, a liga oferece aos estudantes a oportunidade de treinar o uso da Libras, que é ensinada  na graduação, como disciplina optativa na Medicina e obrigatória nos demais cursos.  “Nós estimulamos os alunos com atividades na quais eles conhecem e interagem com pessoas surdas”, explica a Profa. Mestra Sylvia Lia Grespan Neves, orientadora da liga e docente da Disciplina de Libras na FCM/Santa Casa.

Uma das atividades vinculadas à Liga de Libras e Cultura Surda é o Projeto Salis (Saúde em Libras para o Surdo).Todos os anos, em dezembro, estudantes de Fonoaudiologia, Medicina e Enfermagem realizam atendimento multidisciplinar gratuito para pessoas surdas, comunicando-se somente em Libras, sob a supervisão de professores da instituição. “Os alunos que participam do Salis vivenciam a interação, durante o atendimento em saúde, não somente com pessoas surdas, mas também com surdos que possuem outras deficiências, como os surdo-cegos”, destaca a professora Sylvia.

Datas especiais do Setembro Azul

A Federação Mundial de Surdos instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Internacional das Línguas de Sinais. No Brasil, a data viabiliza a discussão sobre a relevância do uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para a inclusão, tanto em ambientes físicos quanto virtuais. Desde 2008, o dia 26 de setembro é oficialmente o Dia Nacional do Surdo.  A escolha tem um significado: nesta mesma data, em 1857, foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil, o atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos, localizado no Rio de Janeiro. No dia 30, há duas comemorações: o Dia Internacional do Surdo e o Dia do Profissional Tradutor (quando a comunidade surda ressalta a importância dos intérpretes de Libras).

Liga de Libras e Cultura Surda: ligadelibras@gmail.com
Facebook: @ligadelibras
Projeto Salis: projetosalis@gmail.com
Facebook: @salissantacasa