11/3/2019

Semana do Cérebro promove debate sobre relação homem-máquina A discussão foi impulsionada pela exibição de episódio da série Black Mirror

Além do debate baseado na série Black Mirror, a Semana do Cérebro da FCM/Santa Casa de São Paulo disponibilizou aos visitantes simulações em Realidade Virtual. Clique na imagem para ver mais fotos.

Questões éticas e morais decorrentes da interação entre homem e máquina foram o centro do debate aberto ao público, promovido nesta segunda-feira, 11, pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo. Alunos, professores e comunidade discutiram as implicações do uso da Inteligência Artificial no contexto da relação entre sistemas computadorizados e seres humanos. Durante a conversa, foram levantadas situações que ocorrem atualmente e outras previstas para um futuro próximo, com base nos resultados de pesquisas recentes.

A atividade fez parte da programação preparada pela FCM/Santa Casa para a Semana do Cérebro 2019, que integra a campanha global Brain Awareness Week (BAW). Realizado, todos os anos, simultaneamente em diversos países, o evento tem a finalidade de conscientizar a população mundial sobre os benefícios das pesquisas relacionadas ao cérebro. Esta é a segunda vez que a FCM/Santa Casa participa da BAW como instituição parceira da Fundação Dana (Dana Foundation), organização responsável pela campanha.

O debate foi realizado após a reprodução de um capítulo da série de televisão britânica Black Mirror, disponível na Netflix. Trata-se de uma antologia de ficção científica com foco nas mudanças da sociedade causadas pelo avanço tecnológico, com histórias ambientadas, geralmente, em um futuro próximo. Dirigido por Jodie Foster e escrito pelo criador da série Charlie Brooker, o capítulo apresentado (“Arkangel”) aborda o uso, pela personagem Marie, de um sistema de rastreamento para evitar perder de vista Sara, sua filha pequena. O monitoramento é realizado por um implante no cérebro da criança e um tablet, por meio do qual Marie descobre onde sua filha está e o que ela vê, escolhendo o que ela pode ou não enxergar.

Após a exibição, o professor Gabriel Pires, da Disciplina de Fisiologia, promoveu a discussão, ressaltando que a realidade apresentada no episódio está muito longe de acontecer. “No entanto, o debate ético faz-se necessário, já que elementos da inteligência artificial demonstrada na ficção já fazem parte de nosso cotidiano”, contrapôs.

Pires descreveu a inteligência artificial como um sistema não biológico capaz de mimetizar funções biológicas complexas do comportamento humano. No caso da relação homem-máquina, este sistema interage de modo complexo com um ser humano. O professor citou como exemplos os jogos de videogame, que desenvolvem estratégias diferentes à medida que aprendem o comportamento do jogador; os algorítimos do You Tube, que apresentam ao usuário vídeos com temas baseados em suas visualizações anteriores; e implantes cocleares, que permitem a reabilitação da função auditiva.

Pires lembrou que o relacionamento entre homem e sistemas não biológicos não está previsto nos conceitos éticos e morais que conhecemos, porque eles foram concebidos em um momento no qual esta relação não existia.

Nesta terça-feira, dia 12 de março, haverá atividades durante todo o dia na Santa Casa de São Paulo, com destaque para a mesa-redonda sobre Inteligência Artificial na Saúde, com pesquisadores, empreendedores e profissionais das áreas de informática, saúde, neurociência, redes neurais artificiais, aprendizagem de máquina, mineração de dados e Big Data.

Clique aqui para acessar a programação.

A Semana do Cérebro da FCM/Santa Casa de São Paulo foi organizada pelo Departamento de Ciências Fisiológicas, sob coordenação da professora Tatiana Rosenstock, com participação e apoio  de alunos da graduação (Departamento Científico Manoel de Abreu e Programa Santa Maluquice) e da pós-graduação; de professores e técnicos do Departamento; da diretoria da Faculdade e de seu Departamento de Comunicação e Marketing.