27/09/2018

Alunos da Enfermagem promovem debate sobre feminicídio Palestra com especialista sobre o tema fez parte do curso introdutório da Liga de Enfermagem na Promoção da Saúde da Mulher

Graduandas da liga, participantes do curso e a advogada Rute Alonso. Clique na imagem para ver mais fotos do evento

Mortes violentas de mulheres por razão de gênero foram consideradas um fenômeno global pela ONU em 2012. No Brasil, pesquisas nacionais indicam o crescimento do homicídio de mulheres nas últimas décadas.  Se considerarmos o intervalo 1980-2013, o estudo Mapa da Violência (WAISELFISZ, 2015) registrou um aumento de 252% nos registros de mortes, com 4.762 mulheres assassinadas no país em 2013.

Pela sua relevância e impacto no atendimento em saúde, o feminicídio foi o tema principal do curso introdutório da Liga de Enfermagem na Promoção da Saúde da Mulher da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo, realizado no dia 25 de setembro.

A advogada Rute Alonso, presidente da União de Mulheres do Município de São Paulo e uma das coordenadoras do projeto Promotoras Legais Populares, apresentou um panorama da violência contra mulheres e explicou como trabalha para orientá-las sobre seus direitos, considerando as especificidades de cada caso. “A violência é o mecanismo de manutenção das desigualdades”, enfatizou, exemplificando formas sutis de violência que isolam a mulher e a impedem de exercer sua autonomia, como ser proibida de cursar uma faculdade.

A partir de sua experiência no auxílio às mulheres vítimas de opressão, Rute abordou e respondeu questões relacionadas à conquista e manutenção de direitos e ao uso dos saberes a favor da sociedade, incluindo a atuação dos profissionais de saúde. “O ambiente de assistência à saúde pode ser um cenário de violação de direitos”, alertou. “Há ocorrências de violência obstétrica e de preconceito no atendimento a mulheres negras”.

Em casos de atendimento em saúde a mulheres em situação de risco, Rute lembrou a importância de escutá-las para avaliar quais as melhores orientações com o propósito de protegê-las.  Mas também salientou que a mulher possui liberdade de escolha em relação à sua vida e corpo, podendo decidir manter-se na situação em que se encontra.  “Em uma circunstância como esta, o profissional pode oferecer conselhos para redução de danos. E é importante registrar a situação da mulher nos sistemas de informação em saúde”.

O exercício da cidadania através do voto consciente foi outro ponto destacado por Rute. “Para que a igualdade entre homens e mulheres preconizada na constituição brasileira seja uma realidade, são necessárias políticas públicas e vontade política para implementá-las”. A advogada salientou a importância de conhecer as funções de cada cargo político e recordou que a mulher nem sempre teve direito ao voto no Brasil.

Enfermagem e Saúde da Mulher

Com o objetivo de difundir conhecimentos que complementem a formação acadêmica em relação à Promoção da Saúde da Mulher, a liga do Curso de Graduação em Enfermagem da FCM/Santa Casa desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão, sob a orientação da Profa. Dra. Lívia Keismanas de Ávila.

União de Mulheres de São Paulo

A União de Mulheres do Município de São Paulo atua há 34 anos na defesa das mulheres. A organização apresenta propostas que visam alcançar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Também apoia programas de educação em direitos que facilitam o acesso das mulheres à justiça, serviços e políticas que possam efetivamente melhorar suas vidas.

http://www.uniaodemulheres.org.br

 Promotoras Legais Populares

O projeto Promotoras Legais Populares orienta, aconselha e promove a função instrumental do direito no dia a dia das mulheres, com intervenções individuais ou coletivas. O projeto possui diversas frentes de atuação: acompanhamento de casos, promoção de seminários e debate, fortalecimento de campanhas contra a impunidade, entre outras.

http://promotoraslegaispopulares.org.br

Para saber mais:

Diretrizes Nacionais – Feminicídio

Instituto Patrícia Galvão

Assistência a mulheres em situação de violência – da trama de serviços à rede intersetorial