28/06/2018

Como prevenir os riscos de contaminação nos alimentos.

Alguns cientistas vêm estudando há vários anos a transmissão de infecções por alimentos contaminados principalmente por bactérias.

E muitas vezes não sabemos, ou não prestamos atenção, a de que maneira isto pode ocorrer.

Há estudos comprovando o grande número de bactérias em toalhas de cozinha usadas até (pasmem!) a cobertura de um bolo de aniversário após soprarem as velinhas!!!!

Vamos conversar sobre alguns exemplos, e a melhor maneira de prevenir o risco de transmissão destes germes.

Uma microbiologista apresentou esta semana no Congresso Americano de Microbiologia pesquisa sobre toalhas usadas de cozinha; cultivando 100 toalhas em uso, observou que em 49% delas havia presença de bactérias do ser humano, algumas potencialmente patogênicas, como E.coli, Enterococcus sp e Staphylococcus aureus.

Alguns tipos de E.coli provocam infecções intestinais, e o Staphylococcus aureus é capaz de produzir uma toxina que se for ingerida, pode provocar febre, vômitos e diarreia.

Lembrar que estas toalhas, além de enxugar as mãos, também tem contato com utensílios que muitas vezes não são bem lavados, e podem ter sido utilizados para preparar carnes (que quando cruas também são fonte de muitas bactérias) como tábuas de corte ou facas. O melhor para prevenir é trocar sempre que possível.

Outra fonte de contaminação comum nas cozinhas são as esponjas de lavar louça, que devem ser trocadas periodicamente ou colocadas no micro-ondas para desinfetar.

Algumas recomendações de cuidados com alimentos também devem ser lembradas:

– Não deixar alimentos à temperatura ambiente durante mais de duas horas (comum em festas ou em restaurantes com buffets).

– Cozinhar muito bem os alimentos, e lavar cuidadosamente as mãos e utensílios depois de prepara-los.

– Carne moída sempre bem passada: a carne moída tem sido responsável por inúmeros e importantes surtos de doença em todo o mundo; a carne em pedaço ou em bifes se contamina na superfície e quando cozida, as bactérias são eliminadas. No caso da carne moída, porém, durante processo de moer a superfície da carne em pedaços vai sendo misturada, resultando em contaminação em toda ela. Se esta carne é ingerida crua ou mal passada, o risco de infecção ou intoxicação é grande.

– Lavar muito bem frutas, verduras e oleaginosas antes de consumir.

– Quando requentar alimentos, chegar até a temperatura de cozimento, para garantir que eventuais germes sejam eliminados.

Vejam algumas curiosidades sobre este tema:

Sabia que comer diretamente da travessa ao invés de se servir com uma colher e colocar no seu prato faz com que cada vez que você coloque a colher ou garfo no recipiente o número de bactérias aumenta, e o próximo a se servir irá ingerir este alimento contaminado?

Sabia que quando um alimento cai no chão, o que importa é a limpeza do local, e não o tempo que o alimento permaneceu no chão? Pisos com sujidades ou de muito trânsito de pessoas ou animais, fazem com que o alimento se contamine após 5 segundos de contato!!!

Sabia que ao soprar velinhas num bolo de aniversário o número de bactérias na cobertura deste bolo aumenta 15 vezes? E quanto mais pessoas “ajudam” a soprar as velinhas, maior o aumento de contaminação?

Sabia que comer pipoca compartilhada não aumenta o número de bactérias?

Há outros fatos interessantes a serem conhecidos, como os cardápios de restaurantes que quase nunca são limpos regularmente, ou o limão fatiado e o gelo que colocam em seu refrigerante…

Mas será que ingerir bactérias é sempre ruim e de risco para infecções? Devemos nos preocupar?

Na verdade, tudo depende da quantidade e da espécie microbiana: no caso do bolo, por exemplo, se quem está soprando a vela está gripado, o risco é maior do que se estiver saudável.

Mas concluindo: estes eventos são raros, mas servem para chamar a atenção sobre a necessidade de observar bons hábitos de higiene quando nos alimentamos.

Prof. Dra. Lycia M. J. Mimica é professora da Disciplina de Microbiologia do Departamento de Ciências Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa SP. E-mail:  lmimica@uol.com.br