27/09/2018

Pesquisa estuda relação entre proteínas presentes no sangue e perda de memória em cães O trabalho visa identificar se a alteração na quantidade destes biomarcadores é indicativo de doença neurodegenerativa semelhante ao Alzheimer

Pós-graduando Guilherme de Souza Abrão durante seminário promovido pelo Departamento de Ciências Fisiológicas

A comunidade acadêmica teve a oportunidade de conhecer os resultados parciais de uma pesquisa de mestrado com grande potencial de aplicabilidade na prevenção e diagnóstico da doença de Alzheimer. A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo promoveu, no dia 15 de agosto, o seminário “Caracterização de biomarcadores relacionados à memória de cães em diferentes idades”. Este é o tema do projeto em desenvolvimento pelo pós-graduando Guilherme de Souza Abrão no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, com a colaboração do Departamento de Ciências Fisiológicas da FCM /Santa Casa.

Durante a palestra, Abrão expôs os objetivos, materiais e métodos e as conclusões sobre os testes realizados até este momento. Após a apresentação, os graduandos, pesquisadores e professores presentes tiraram suas dúvidas com o mestrando e sua orientadora, a Profa. Dra. Tânia Araújo Viel, docente da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e coordenadora do Grupo de Pesquisas em Neurofarmacologia do Envelhecimento (GPNFE) da EACH/USP e FCM/Santa Casa.

O objetivo do estudo é detectar a alteração de indicadores biológicos (os biomarcadores) em cães de diferentes idades por meio de análise sanguínea e comprovar sua relação com a perda de memória em animais idosos. “Acreditamos que o aumento ou a diminuição da quantidade de determinadas proteínas ao longo da vida do animal contribui para o desenvolvimento da disfunção cognitiva durante o processo do envelhecimento”, explicou Abrão.

O projeto da pesquisa prevê experimentos com animais e procedimentos laboratoriais. Os primeiros testes, realizados com ratos jovens e idosos, tiveram o propósito de verificar a sua capacidade de reconhecimento de objetos a curto e longo prazo. O cruzamento dos resultados comportamentais com aqueles obtidos a partir de biomarcadores no sangue e no cérebro dos animais apontaram a sua correlação com a perda de memória. Os próximos passos englobam experiências utilizando amostras de sangue de cães domésticos de porte médio.

Por que trabalhar com cães?

A comprovação da relação entre os biomarcadores estudados no sangue, o envelhecimento e a perda de memória em cães pode ter aplicação prática em seres humanos. “Atualmente, é possível verificar a relação entre alterações de biomarcadores e memórias examinando o cérebro humano. Mas, se constatarmos essa relação em nível periférico, por meio de análise sanguínea, poderemos diagnosticar a disfunção cognitiva de maneira muito mais rápida, simples e segura, favorecendo o diagnóstico precoce e até a prevenção”, esclarece a professora Tânia.

Ao envelhecerem, os cães podem desenvolver a Síndrome de Disfunção Cognitiva, com sintomas semelhantes ao Alzheimer. Eles sentem dificuldade em reconhecer pessoas, perdem a noção de espaço e podem ficar desorientados mesmo dentro de sua residência, além de apresentarem desequilíbrio no padrão do sono.

O Alzheimer, por sua vez, é uma doença neurodegenerativa crônica que ocasiona perda de memória, dificuldades de julgamento e tomada de decisões, desorientação no tempo e no espaço, mudanças de personalidade e diminuição da autonomia para execução das atividades cotidianas. No início, a pessoa com Alzheimer perde a memória recente, como situações vivenciadas há pouco tempo. Assim, ela pode não lembrar o que fez pela manhã, mas recordar com precisão acontecimentos de muitos anos atrás.

Seminários: oportunidade de atualização e desenvolvimento

O Departamento de Ciências Fisiológicas da FCM /Santa Casa organiza seminários quinzenalmente. “Alternamos entre apresentações de estudantes e iniciação científica, pós-graduação ou pós-doutorado e de pesquisadores renomados. Assim, promovemos a aprendizagem, o compartilhamento de conhecimentos, a colaboração entre pesquisadores e instituições e uma visão mais global da ciência praticada no país”, afirma o Prof. Dr. Hudson de Sousa Buck , chefe do departamento e também Coordenador do GPNFE.

Os seminários acontecem às quartas-feiras, às 12h, na sala 11 da técnica cirúrgica. Informações podem ser obtidas na área de eventos do site da FCM/Santa Casa ou com a professora Fabiana Henriques Machado de Melo – Telefone: 55 – 11 – 3367-7790 – fabiana.machado@fcmsantacasasp.edu.br